O lobo-marinho era abundante na Madeira durante o século XV segundo os testemunhos dos primeiros europeus que chegaram à Madeira. Lamentavelmente, a perseguição a que esta espécie foi sujeita, pela sua gordura e pele, levou quase ao seu desaparecimento. A meio do século XX, e também devido à interação com a atividade piscatória, passaram a existir focas apenas em alguns locais remotos e inacessíveis da Madeira e nas Ilhas Desertas. Nos anos 80, estimou-se a existência de apenas 6 a 8 indivíduos na Região, residentes nas Ilhas Desertas. Um número que fez pressagiar o pior, contudo o Serviço do Parque Natural da Madeira deu início a um programa para a recuperação desta população que conduziu à criação da Reserva Natural das Ilhas Desertas em 1990 e à substituição das artes de pesca não seletivas utilizadas e assim se conseguiu inverter o seu declive e evitar a sua eminente extinção. Desde então, este programa tem sido mantido e a população tem crescido progressivamente até à atual estimativa de 30 a 40 indivíduos.

Como consequência, nos últimos anos o Serviço do Parque Natural da Madeira tem reunido um número cada vez maior de registos de lobos-marinhos na Ilha da Madeira provenientes das Ilhas Desertas. Esta fase de recolonização está a provocar uma clara situação de mudança no estado de conservação da espécie, ao aumentar as interações com as atividades humanas como a pesca e atividades marítimo-turísticas como o mergulho ou a observação de cetáceos. Assim é necessário redefinir estratégias para reduzir estas ameaças, melhorar a proteção do lobo-marinho e do seu habitat, e implementar um sistema de vigilância do estado de conservação da espécie e do seu habitat no arquipélago da Madeira que permita a sua atualização e seguimento no futuro. Estas são as bases e objetivos do presente projeto.